PR: após 20 anos, autódromo pode perder nome de Ayrton Senna
Projeto pode trocar nome da pista para homenagear ex-piloto Beto Monteiro, que idealizou traçado
Em 2014, o automobilismo brasileiro e mundial relembram os 20 anos da morte de Ayrton Senna, vítima de um acidente no Grande Prêmio de San Marino de Fórmula 1. No entanto, em Londrina (PR), o autódromo que leva o nome do tricampeão mundial pode ser rebatizado.
A possível mudança é iniciativa do vereador Gustavo Richa (PHS), que pretende trocar o registro da pista para Autódromo Internacional Carlos Alberto Colli Monteiro. A homenagem passaria a ser a Beto Monteiro, ex-piloto londrinense que morreu em janeiro, aos 68 anos, em decorrência de um câncer.
Beto Monteiro foi também um dos idealizadores da pista, construída com apoio da Petrobras e inaugurada em 1992. Em 25 de julho de 1994, o autódromo passou a homenagear Ayrton Senna, diante da aprovação da lei 5.803. O nome não deve ser confundido com o do pernambucano Beto Monteiro, atual campeão da Fórmula Truck.
Para justificar a mudança proposta no projeto de lei 40/2014, Richa se baseia na Lei Orgânica do Município - que, entre outras coisas, proíbe que Londrina tenha dois endereços com o mesmo nome. A cidade conta também com uma Avenida Ayrton Senna, que faz ligação com a rodovia PR-445.
"O legendário piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna da Silva, em Londrina, figura como nome em dois locais públicos (nomes em duplicatas), quais sejam Autódromo Internacional Ayrton Senna e Avenida Ayrton Senna da Silva, esta localizada na Gleba Palhano e assim denominada pela Lei nº 6.102, de 19 de abril de 1995 e pela Lei nº 9.508, de 24 de maio de 2004", argumenta o documento apresentado.
"Dessa forma, para que não seja afrontado o inciso I do artigo 3º da Lei nº 7.631/1997 estamos retirando o nome do piloto Ayrton Senna do Autódromo de Londrina", complementa o projeto.
O texto apresentado por Gustavo Richa em 18 de fevereiro - que foi protocolado em 26 do mesmo mês, tendo sido despachado no dia seguinte - defende a homenagem a Beto Monteiro pela ligação do ex-piloto ao automobilismo local. Além de destacar o longo currículo de Monteiro, o vereador diz que "a alteração do nome do autódromo para reverenciar o idealizador é uma questão de Justiça".
"A história do ex-piloto Carlos Alberto Colli Monteiro, mais conhecido como Beto Monteiro, não só se confunde com a trajetória do automobilismo de Londrina, mas se confunde com a própria história do Autódromo de Londrina", descreve o PL 40/2014.
"Apaixonado por esportes de motor e vela desde os 20 anos de idade, fez parte da equipe Dragões Verdes (Transparaná) e também da Stock Car. Correu de kart, categoria em que foi campeão brasileiro. Foi aí que idealizou a construção do Autódromo de Londrina, acompanhou e fiscalizou todos os seus passos."
Em uma primeira apreciação, a Comissão de Justiça, Legislação e Redação da Câmara de Vereadores de Londrina emitiu parecer contrário à alteração. "A Assessoria Jurídica do Legislativo indicou parecer contrário ao projeto uma vez que a Lei Orgânica proíbe alteração da denominação de próprios públicos que apresentem nome de pessoas, fatos históricos ou geográficos, salvo para correção ou adequação à legislação. A Comissão de Justiça acolheu argumentos da Assessoria da Câmara e mesmo reconhecendo o mérito da proposta, emitiu parecer contrário ao projeto", diz o informativo da Câmara Municipal de Londrina emitido nesta terça.
No entanto, Richa já conta com uma articulação a favor do projeto, que passará por nova votação nesta terça. De acordo com a assessoria de imprensa do vereador, o parecer desfavorável foi dado com "alegações sem muito fundamento".
Segundo Vagner Simões, assessor de imprensa de Richa, o projeto foi sugerido "por um grupo de resgate da memória da região". Segundo Simões, Gustavo Richa é próximo da família de Beto Monteiro, embora não tivesse proximidade com o ex-piloto. O assessor garante que o vereador está atento à repercussão causada pelo projeto de lei.
“Ele está completamente ciente. Mesmo que se saiba que daria uma polêmica grande, dada a importância do resgate histórico regional, ele insistiu - até para fomentar o debate sobre o uso do autódromo, que está meio abandonado", disse.
"Ele acredita que o Ayrton Senna vai ser homenageado no Brasil inteiro. Não é demérito ao Ayrton Senna, mas também para enfatizar os nossos atores daqui do automobilismo", completou.



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