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sábado, 21 de outubro de 2006

Super Aguri não se importa em ficar entre as últimas nas corridas

Daniel Brito
Enviado especial

São Paulo (SP) – Os japoneses da Super Aguri não se importam em ficar em último nos treinos e corridas da Fórmula 1. "Nunca prometemos vitórias", informa Emma Bearpark, responsável pela divulgação e marketing da equipe oriental. Criada em novembro do ano passado por Aguri Suzuki, piloto da máxima categoria do automobilismo de 1988 a 1995, a escuderia é o saco de pancadas da temporada atual.

Ela não está só. Os holandeses da Spyker e os italianos da Toro Rosso também costumam ser espectadores privilegiados da disputa pelo título mundial entre Michael Schumacher e Fernando Alonso. As três equipes são freqüentadoras assíduas das últimas fileiras nos grids de largada.

Somados os resultados do trio nas 17 corridas do ano os lanterninhas alcançam apenas um ponto ganho. Ele veio com a oitava colocação de Tonio Liuzzi no Grande Prêmio dos Estados Unidos, em julho. Nas demais provas, eles se revezam nos últimos postos. Ontem, por exemplo, o português Tiago Monteiro rodou na pista duas vezes, durante o treino classificatório e largará em último por não ter completado uma volta sequer. Coincidentemente, um dos sobrenomes do português é Vagaroso.

"O público japonês gosta que sejamos honestos", defende Bearpark. A sinceridade é tamanha que a meta de Suzuki é figurar no bloco intermediário da Fórmula 1 em cinco anos. Entende-se por "bloco intermediário" a posição ocupada hoje Toyota (35 pontos) e Bmw Sauber (36). Ou seja, quase 100 pontos atrás dos candidatos ao título de construtores.

Os orientais levam tão a sério esta questão da honestidade que o novato Sakon Yamamoto, 21º colocado no grid de largada comemorou o tempo de ontem. "Estou feliz com o resultado de hoje (ontem) e gostaria de agradecer a toda a equipe pelo que fizeram no carro", elogiou. Um pouco mais à frente no grid, na 20ª colocação, estará o companheiro de equipe, Takuma Sato.

Iniciação
A Super Aguri herdou a fábrica da extinta Arrows, em Oxfordshire, na Inglaterra, e muitos mecânicos trabalharam n BAR Honda, nos tempos que Takuma Sato era piloto da escuderia. Todos os 18 patrocinadores são japoneses. "As pessoas gostam de equipes independentes", acrescenta Bearpark.

Independência é o que a recém criada Spyker começa a desenvolver. Ela ocupa a vaga da russa Midland, vendida por US$ 106 milhões em 10 de setembro para um grupo holandês especializado em desingn de carros esporte. É por ela que Tiago Vagaroso Monteiro compete. Seu companheiro de equipe, Christijan Albers, terminou com 18º melhor tempo do classificatório. Ele já está garantido para a próxima temporada. O portugês, não. "Honestamente, gostaríamos de estar sempre entre os 10 primeiros", lamentou Charllotte Anderson, relações públicas da Spyker.

Já a Toro Rosso é a versão italiana da Red Bull Racing. Nos boxes, os mecânicos conversam em italiano. O nome da equipe, inclusive, é a tradução do nome da bebida energética que patrocina as duas escuderias. "Temos o mesmo dono, mas somos totalmente independentes", confirma Fabiana Valenti, assessora de imprensa da Toro Russo. Cinqüenta por cento das ações da Red Bull (ou Toro Rosso) são do austríaco Dietrich Mateschitz e a outra metade do ex-piloto Gerhard Berger.

A contar pelos resultados, os italianos estão 15 pontos distantes dos ingleses. David Coulthard e Christian Klien, que cedeu lugar a Robert Doornbos nas últimas duas corridas, acumularam 16 pontos, contra um de Tonio Liuzzi, da Toro Rosso. O norte-americano Scott Speed, novato na categoria, ainda não figurou entre os oito primeiros colocados. "É melhor para um jovem piloto começar em equipes menores porque não carrega a pressão de uma Ferrari ou Renault", defendeu Valenti.

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