Pioneiro no IRC, Oliveira foi também o primeiro brasileiro na história a disputar o mais tradicional e difícil rali do calendário
O terceiro e último dia do Rally de Monte Carlo, etapa de abertura do IRC - Intercontinetall Rally Challenge - teve o finlandês Mikko Hirvonen como grande vencedor, a bordo de um Ford Fiesta. O piloto, atual vice-campeão do WRC (Mundial de Rali), completou os três dias de competição em 4h32min58s5. Um final de semana em que apenas 36 dos 63 inscritos terminaram a prova. E para o estreante Daniel Oliveira, da equipe austríaca Stohl Racing, o Rally de Monte Carlo foi um grande aprendizado. O baiano fez sua estréia no IRC, a bordo de um Peugeot 207, e tornou-se o primeiro brasileiro a competir no tradicional rali que acontece no Principado de Mônaco desde 1911 (com algumas interrupções).
"O que eu posso dizer é que foi um final de semana muito intenso, repleto de experiências novas e estou muito feliz de ter completado todo o trajeto", disse Daniel, que espera abrir as portas do rali de velocidade internacional para mais compatriotas. "Fico feliz em ter sido o primeiro brasileiro em um rali tão tradicional e importante. Gostaria de ver mais brasileiros aqui no ano que vem", afirmou o piloto, 21º na somatória de tempos dos três dias de competição, com 5h13min52s5, a 40min54s do vencedor finlandês.
O último dia do rali, na sexta-feira, teve as cinco últimas especiais somando 105 quilômetros. Na 11ª especial da competição, entre Montauban s/ Ouvèze e Eygalayes, Daniel completou os 30,42 quilômetros em 28min44s8 - a 5min26s3 do mais rápido. Na 12ª, nos 18,42 quilômetros entre Peira Cava e La Bollène Vèsubie, o baiano completou o percurso em 15min07s1, a apenas 1min43s7 do líder. O terceiro trajeto do dia, entre Lantosque e Lucéran, de 19,13 km, teve Daniel em 21º com 16min36s, a 2min23s1 do primeiro colocado do trecho. Até então, o piloto da Stohl Racing ocupava a 22ª colocação na somatória de tempos dos três dias de competição.
Até ali, Daniel havia enfrentado dificuldades com um competidor que havia rodado na pista e, assim, fechou o trajeto, ainda na primeira especial. "Estávamos rápidos, aí alcançamos outro carro e ele cometeu um erro. Com a rodada, ele fechou a pista e perdemos dois minutos e duas posições até voltarmos a andar. Além disso, ele (o competidor que rodou) não nos deixou passar", narrou. "Se você acha difícil ultrapassar no GP de Mônaco de Fórmula 1, no Rally de Monte Carlo é impossível!", comparou.
Foi na 14ª e penúltima especial do rali, no entanto, que Daniel deu sua arrancada. O piloto, que corre com o navegador espanhol Carlos Del Barrio, completou na 11ª posição o trecho entre Peira Cava e La Bollène Vèsubie, de 18,42 quilômetros, em 15min06s7, a apenas 1min14s4 do vencedor da especial, o finaldês Juho Hanninen (Skoda Fabia). O tempo do piloto baiano o fez ganhar duas posições na classificação geral.
Na última sessão do dia, entre Lantosque e Lucéram, Daniel Oliveira terminou o percurso em 21º com 16min37s9, já no trecho noturno, a 1min57s7 do melhor tempo. "À noite foi muito complicado, com um caminho bem travado e com muito gelo nas curvas. Era muito perigoso, mas estou extremamente feliz que terminamos e tudo deu certo", afirmou.
Para ele, um grande aprendizado em seu rali de estréia - e uma façanha em completar toda a prova, já que quase a metade dos competidores abandonaram por acidentes ou problemas mecânicos - 27 pilotos, em um total de 42,8%. "O mais difícil de tudo foi segurar a ansiedade de acelerar, porque tive que ser muito cuidadoso com a neve e o gelo, superfícies sobre as quais eu jamais havia competido. Era uma situação complicada de aceitar, porque todo piloto quer apertar ao máximo o pedal da direita", comentou.
"Mas a equipe ficou contente com o meu desempenho, o time é muito bom e estou muito feliz. O carro é excelente, o entrosamento com todos foi ótimo. Eu e o Carlos (Del Barrio, navegador) nos demos muito bem e pela primeira vez eu tive um entendimento claro do que o navegador me passava. A comunicação foi fundamental", disse.
O próximo desafio de Daniel é em casa: o Rali de Curitiba, segunda etapa do IRC, entre 4 e 6 de março. "Chega de neve, por enquanto. Acho que em Mônaco tivemos uma curva de aprendizado bastante grande, porque tudo é muito novo para mim. Agora, no Brasil, podemos continuar o crescimento e creio que vai ser possível se divertir um pouco mais, já que é um tipo de piso com o qual estou mais acostumado", falou.
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