Eng. Airton Kohls e Eng. Leomar Teichmann
JORNAL DO AUTÓDROMO: Um pouco sobre você.
Eng. Leomar Teichmann: Sou Engenheiro Civil e pesquisador, de longa data, dos assuntos concernentes ao automobilismo, especialmente os aspectos relacionados a design e segurança de autódromos. Durante muitos anos, antes da disponibilização do Google Earth, possuí um dos maiores acervos brasileiros de material sobre autódromos. Sou colaborador de inúmeros websites e blogs que tratam de automobilismo, não só do Brasil, mas também da Inglaterra, Austrália, Estados Unidos e Itália.
JORNAL DO AUTÓDROMO: Obras como a do Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, trazem benefícios a nossa cidade?
Eng. Leomar Teichmann: Sem sombra de dúvida! É claro que, por ser público, o autódromo fica sob a responsabilidade de pessoas que nem sempre possuem conhecimento ou preparo para administrar uma instalação deste tipo. Infelizmente a Prefeitura perdeu uma grande chance de profissionalizar a gestão de nosso autódromo e afastou deste exatamente as pessoas que mais se dedicavam a mantê-lo e a fazê-lo funcionar dentro da precária estrutura que dispunham para isso. Alguém sabe dizer onde anda o antigo gerente do autódromo, Daniel Eick, que chegava ao ponto de ir ao autódromo sozinho para montar as barreiras de pneus, porque se não o fizesse ninguém havia para fazer?
Do ponto de vista econômico, a exposição da cidade na mídia de todo o País certamente poderia trazer muito mais benefícios do que trouxe até o momento. Isto passa, impreterivelmente, por uma gestão profissional do autódromo que saiba capitalizar os espaços que a cidade tem tido nos maiores veículos de comunicação do país. O aumento do número de hotéis e restaurantes, bem como a modernização dos já existentes, deveria já estar acontecendo em nossa cidade, mas como os eventos não tem ocorrido na freqüência em que se previa, isto deve levar mais algum tempo para acontecer.
JORNAL DO AUTÓDROMO: Como o senhor se sente quando visualiza pelo Google Earth a obra em que foi um dos realizadores?
Eng. Leomar Teichmann: A satisfação é o grande prêmio que obtive nesta obra. Inúmeros desafios e percalços foram vencidos por aqueles que acreditaram ser possível construir algo tão grandioso em Santa Cruz do Sul. Mas ainda há muito para fazer e, para que tenhamos um autódromo, na essência da palavra, temos de tirá-lo do marasmo em que se encontra e deixá-lo em condições de receber grandes eventos nacionais e internacionais.
JORNAL DO AUTÓDROMO: Podemos dizer que o Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, era um sonho que se realizou?
Eng. Leomar Teichmann: Ainda não, pois falta muito daquilo que foi idealizado no projeto que norteou a obra. É claro que grande parte da culpa por isso é das autoridades esportivas que não exigem o que a FIA preconiza e permitem que se realizem eventos em situações longe do ideal. Essa postura levou ao comodismo e ao “achismo” de que o autódromo está bom assim e que nada mais precisa ser feito.
JORNAL DO AUTÓDROMO: Algumas categorias já correram em Santa Cruz. Quais das categorias que ainda não correram e que são importantes no calendário nacional da velocidade e que poderiam vir aqui?
Eng. Leomar Teichmann: O nosso autódromo é o que possui maior potencial de crescimento em todo o Brasil. Categorias como a Fórmula Indy e o Mundial de Motovelocidade já nos sondaram sobre a possibilidade de realizarem eventos aqui, mas o atual estágio do autódromo não permitiu que o assunto evoluísse.
O ideal seria que todas as categorias de nosso automobilismo viessem a Santa Cruz do Sul, mas os interesses dos patrocinadores, bem como a pequena presença de público na maioria dos eventos, acabam fazendo com que nosso autódromo seja preterido em favor de outros mais próximos dos grandes centros.
JORNAL DO AUTÓDROMO: A Fórmula Truck, até esse momento não correu no Autódromo Internacional de Santa Cruz do Sul, sabe me dizer por qual motivo? Alguns afirmam que a estrutura do autódromo não permite categoria do tipo da Fórmula Truck correr aqui, outros dizem, enquanto a atual administração estará no comando, não virão. O senhor como engenheiro e conhece a estrutura técnica do autódromo, pode falar a respeito do assunto?
Eng. Leomar Teichmann: No início de 2005 o Aurélio Félix, promotor da F-Truck, esteve em Santa Cruz do Sul e afirmou que faria a inauguração do autódromo no dia 5 de junho, mesmo que a pista não estivesse pronta e que “os caminhões tivessem de correr no cascalho”. Ele chegou, inclusive, a garantir que arcaria com o custo da construção do túnel de acesso ao autódromo. Pois bem, o túnel foi construído e, já próximo da data prevista para a inauguração ele esteve as encondidas em nossa cidade e, pela imprensa, fomos todos informados que a F-Truck não faria a inauguração – sob alegação de falta de segurança para realização do evento.
Algo que a maioria das pessoas não sabe é que a renda do evento é do promotor deste e que a Prefeitura recebe um valor fixo pelo aluguel do autódromo.
A F-Truck é um negócio, e como todo negócio seu objetivo maior é o lucro. Santa Cruz do Sul, para Aurélio Félix (talvez pelo túnel que ele nunca pagou), nunca fez parte dos planos da F-Truck e ele utilizou todos os argumentos que pode para não correr aqui. Quem sabe agora as coisas mudem...
JORNAL DO AUTÓDROMO: O Autódromo, com Sérgio Moraes, terá a mesma cara que se encontra hoje?
Eng. Leomar Teichmann: De jeito nenhum! O Sérgio acreditou no sonho que os visionários Paulo Herzog, Cássio Knack, Carlito Hammes, Cesar Cusinato Gautério Jr e Enio Wermuth Jr, entre outros, lhe apresentaram. Diferente dos que o seguiram, o Sérgio viu no autódromo o futuro de Santa Cruz do Sul e abraçou a idéia, mobilizando a equipe técnica e todos os demais que colaboraram para a construção desta maravilhosa praça esportiva que temos hoje em nossa cidade. Se ele voltar a Prefeitura certamente Santa Cruz do Sul vai realmente descobrir o que o automobilismo pode fazer por nossa cidade.
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Para saber mais sobre a estrutura do Autódromo entre no site do Eng. Leomar Teichmann: http://www.lnt.eng.br/scs.html
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