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domingo, 19 de abril de 2015

"Parabéns, Porsche GT3 Cup Challenge Brasil"




Rodrigo França RF1

"Parabéns, Porsche GT3 Cup Challenge Brasil"


Depoimento: No 10º aniversário da categoria, jornalista Luiz Alberto Pandini relembra a primeira corrida da história da categoria

Parabéns, Porsche GT3 Cup Challenge Brasil

Texto de Luiz Alberto Pandini

Há exatos dez anos, no dia 16 de abril de 2005, o automobilismo brasileiro ganhou uma nova categoria: o Porsche GT3 Cup Challenge Brasil. Uma ideia já com alguns anos de maturação e que foi colocada em prática pela dupla Dener Pires e Roberto Keller, os fiadores da "loucura" de trazer para o País uma categoria nos moldes da Porsche Supercup.

Não tenho a pretensão de dizer que vi o Porsche GT3 Cup Challenge Brasil nascer, mas acompanhei de perto vários movimentos ocorridos muito antes das duas corridas daquele 16 de abril de dez anos atrás. Lembro de Dener e Beto no estande da Porsche no Salão do Automóvel de 2004, apresentando o projeto a pilotos que poderiam se interessar em participar e mostrando a eles os detalhes do Porsche 911 GT3 Cup exibido junto aos lançamentos da marca naquele ano (era uma unidade de exposição, trazida da Alemanha especialmente para a feira). Semanas mais tarde, o primeiro carro pronto para correr chegou a Interlagos no final de semana de um evento do Porsche Club do Brasil. Todo branco, ele foi tirado do caminhão (vindo diretamente do porto de Santos), colocado no box e recebeu número (01) e adesivos com a inscrição "GT3 Cup Challenge Brasil", ganhando mais "cara" de carro de corrida. Tanque cheio e feitas as verificações de praxe, o 911 GT3 Cup entrou na pista pilotado por Keller e Dener para algumas voltas de demonstração. Em janeiro de 2005, esse mesmo carro participou da Mil Milhas Brasileiras, pilotado por Raul Boesel, Marcel Visconde, Max Wilson e André Lara Resende. Nos treinos e na corrida, um sistema de telemetria forneceu informações precisas sobre o desgaste e o rendimento do Porsche 911 GT3 Cup. Ele não estava entre os carros mais velozes da prova, mas recebeu a bandeirada em sétimo lugar e - o que mais importava - percorreu sem qualquer problema o equivalente à distância prevista para uma temporada inteira de treinos e corridas, dando à equipe um cabedal valioso de informações e parâmetros.

Trabalhei como assessor de imprensa do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil durante as dez primeiras temporadas de sua existência, e como comentarista nas transmissões de TV entre 2010 e 2014, dividindo a cabine com o camarada filistino inserindípito Luc Monteiro - um dos narradores mais talentosos que conheço, capaz de proporcionar emoção sem ser histérico e dar informações além do que se vê na tela (de quebra, é um ótimo parceiro de mesa e jogo). De tudo o que vi e vivi nessas dez temporadas, uma das imagens mais marcantes que guardo na memória é o grid da prova inaugural na reta dos boxes de Interlagos. Em qualquer corrida, eu gosto de observar grids formados, a movimentação dos mecânicos, os rituais finais dos pilotos. É um momento de expectativa e até hoje sinto descargas de adrenalina quando os motores são ligados, a volta de apresentação é autorizada e, claro, quando é dada a largada. E aquele grid tinha um significado especial. Quem estava no autódromo percebeu que era o começo de algo que tinha grande potencial para crescer e dar certo. Ainda havia quem tivesse dúvidas a respeito, apesar de um campeonato de perfil semelhante, o Troféu Maserati, ter sido introduzido no Brasil no ano anterior. Mas, com o tempo (pouco tempo), o Porsche GT3 Cup Challenge Brasil viria a superar todas as expectativas.

Onze pilotos largaram na primeira das duas corridas. O veterano Totó Porto, o mais experiente entre os participantes, fez a pole position e venceu a corrida inaugural, realizada com sol e calor. Terminaram atrás dele Roberto Posses, Luís Zattar, Eduardo de Souza Ramos, Tom Valle, Marcel Visconde, Marcos Barros, Charles Reed e Henry Visconde. Antônio Moraes e Otávio Mesquita abandonaram; Omilton Visconde Júnior, o 12° inscrito, participou somente dos treinos livres. A segunda prova, com largada no final da tarde, teve tempo encoberto e temperatura mais baixa. Oito carros largaram, alinhados de acordo com o resultado da primeira prova. Porto venceu novamente, seguido por Valle, Souza Ramos, Mesquita, Reed, Marcel e Henry. Posses abandonou, Zattar não largou por estar com o ombro contundido (já havia corrido assim na primeira prova) e Moraes se ausentou por motivo que não consegui apurar. O carro usado por Marcos Barros na primeira corrida seria pilotado por André Lara Resende na segunda, mas ele decidiu não correr. No final do ano, Posses tornou-se o primeiro campeão do Porsche GT3 Cup Challenge Brasil, após uma acirrada disputa com Zattar.

Desde 2008, Dener Pires comanda a categoria ao lado de sua irmã, Silvana Pires -Keller saiu para se dedicar a outras atividades, entre elas restaurar motos de GP históricas e, com elas, participar do International Classic Grand Prix, o campeonato criado para essas máquinas na Europa. Entre aquela corrida com 12 carros inscritos e a próxima, que será realizada neste sábado no Velo Città com duas categorias reunindo cerca de 40 pilotos, muitas outras coisas mudaram. A Porsche Cup brasileira cresceu em número de participantes (o lote inicial de 12 carros subiu para 15 logo na prova seguinte, chegou a 24 na segunda temporada e a 50 em 2010, já divididos em duas categorias), em estrutura, em abrangência territorial (inicialmente previsto para acontecer somente em Interlagos, passou logo a ter corridas em outros autódromos brasileiros e já teve provas na Argentina, em Portugal e na Espanha) e presença internacional (fez ou faz eventos conjuntos com F1, WEC e WTCC). Os carros também evoluíram. Os Porsches 911 GT3 Cup "996" de 2005, com 390 hp de potência e câmbio com alavanca de engates em "H", foram dando lugar às versões mais modernas - a atual, da geração "991", tem 460 hp e câmbio sequencial com trocas de marcha feitas por borboletas no volante.

Foram mais de 150 corridas, várias delas excelentes - pelas disputas, pelos fatos inusitados, pelas surpresas, às vezes por tudo isso junto. De todas as que aconteceram entre 2005 e 2014, só estive ausente em três ou quatro delas. Tive oportunidade de fazer muitas coisas boas (uma delas, guiar um Porsche 911 GT3 Cup) e de acompanhar de perto acontecimentos que, de outra maneira, dificilmente estariam ao alcance dos meus sentidos. Hoje, torço para o Porsche GT3 Cup Challenge Brasil comemorar, no mínimo, mais dez anos de existência. Sem nenhuma ironia: parabéns a todos os envolvidos.

Miguel Costa Jr
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Primeira largada da história da Porsche Cup, há 10 anos
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Totó Porto, o primeiro vencedor
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Primeira etapa da história da Porsche Cup, há dez anos
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Primeira etapa da história da Porsche Cup, há dez anos
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Primeira etapa da história da Porsche Cup, há dez anos
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