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sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Granja Viana –Thommy Kühne vai do inferno ao céu em menos de sete voltas!


Piloto germano-brasileiro deu um show de ultrapassagens na Cadete da Granja Viana. Partiu da P11 e chegou e estar na terceira colocação!

 

Para qualquer piloto que se preze o pódio é a versão moderna no Olimpo, onde todos querem estar. Bem, Olimpo para nós acostumados com a cultura e as tradições da mitologia greco-romana. Para quem (ainda) não sabe, o monte Olimpo é a montanha mais alta da Grécia, situado na Salonica e é mitologicamente a "casa" de Zeus (Júpiter para os Romanos), o pai de todos os deuses e dos homens. Contudo, para os nórdico e germânicos, que possuem mitologia própria, o "pódio" é o equivalente de Asgard, a casa de seu deus principal, Odin (pai de Thor).

 

Ainda na mitologia greco-romana o principal herói é Héracles (ou Hercules para os romanos). Hercules não era um deus, era um simples mortal, mas que realizou feitos extraordinários. Já para os germânicos o herói mortal é Siegfried, herói do Nibelungenlied – poema épico traduzido para o português como Canção do Niberlungos – e, também, decantado nas óperas Siegfried e Götterdämmerung, de Richard Wagner. Como Hercules, o nórdico Siegfried é autor de grandes feitos, sempre montado em seu cavalo Grani – que é filho do cavalo de Odin – e portando a espada Gram, a equivalente nórdica da Excalibur do rei Arthur.

 

O piloto Thommy Kühne (TR3 Motorsport/ Audi/ Kienbaum) tem apenas dez anos de idade e ainda desconhece os detalhes da mitologia de sua origem germânica, mas como uma legião de jovens pilotos talentosos, Thommy é a versão moderna do guerreiro alemão, que ao modo de Siegfried está fadado a realizar nas pistas feitos históricos sob seu elmo de combatente. Para Thommy, seu kart #241 é a versão moderna do corcel Grani e sua indestrutível Gram é a vontade férrea de ser um vencedor.

 

Nos dias 17 e 18 de outubro o Kartódromo Granja Viana abriu suas portas para a realização da nona etapa da Copa São Paulo de Kart Granja Viana. A penúltima etapa da temporada 2014, que teve um brilho adicional, ao dividir o evento com o Festival Brasileiro de Rotax, certame nacional exclusivamente com os propulsores austríacos.

 

Os propulsores da categoria Cadete são fornecidos pela organização e sorteados para todos os concorrentes. Essa é uma regra que propicia a isonomia entre os competidores, afinal, com motores equalizados e com desempenho equivalente, o diferencial fica por conta do melhor (ou pior) trabalho das equipes nos ajustes do carros e, claro, na maior, ou menor, qualidade na arte de pilotar.

 

Por norma regulamentar, somente após a tomada de tempos classificatórios, quem solicitar a troca de propulsor é penalizado em quatro posições. Isso infere que motores eventualmente defeituosos – e não detectados pela fornecedora - possam ser substituídos após o treino livre realizado já após o sorteio dos motores. Dessa forma, como diria Arnaldo Cesar Coelho, a regra é clara, isonômica e criada com justiça.

 

Todavia, nesta nona etapa do certame regional paulista, a organização optou por uma mudança na regra e a substituição de motor passou a ser penalizada a partir do momento em que o concorrente recebia seu motor. A sorte não favoreceu o jovem piloto da equipe TR3 Motorsport no sorteio e, ainda na sexta feira, solicitou a troca da unidade motriz do kart de Thommy. Sem o saber, Kühne já estava apenado com a perda de quatro posições no grid. Para piorar ainda mais esse quadro, o novo motor também contava com um desempenho aquém do rendimento médio dos demais, fator que quebrava unilateralmente a isonomia que deve campear as competições da categoria e deixava Thomas Kühne em maus lençóis para a tomada de tempos classificatórios e a primeira corrida.

 

Thommy conseguiu apenas a P11 para a largada e com um rendimento pífio pouco pode fazer na primeira das duas baterias do final de semana. Forçou o máximo que pode, carregou mais velocidade nas curvas, mas a frustrante posição de largada foi a mesma em que recebeu a bandeirada final da corrida.

 

Embora naturalmente frustrado com o resultado negativo da sexta-feira, Thomas voltou ao circuito granjeiro no sábado pronto mudar a história. Era o espírito guerreiro de Siegfried que lhe inspirava a destruir o dragão Fafnir da má-sorte e mostrar seu verdadeiro valor. Largando na décima primeira colocação na segunda bateria, Thommy Kühne evitou envolver-se em algum acidente na green light que autorizou o inicio da corrida. Manteve a undécima colocação, mas fechou a primeira volta já integrando o grupo dos dez melhores. De qualquer forma já era o segundo colocado em sua classe, a Cadete Rookie.

 

Sem perder o ritmo, Kühne completou a segunda passagem na nona posição e atacando o kart que seguia na sua frente. Os sete primeiros formavam um bloco compacto e Thommy estava na dianteira do segundo pelotão, em oitavo, mas já um pouco distanciado. De cara para o vento e de pé embaixo buscava reduzir a diferença.

 

A constante sequencia de ultrapassagens não cessava. Mais uma volta completada e Thomas era o sétimo. O melhor é que seu ritmo avassalador já lhe permitira integrar o grupo dianteiro. Era Siegfried lutando contra seu dragão Fafnir. Era seu Grani se tornando alado como o grego Pegasus.

 

A luta era intensa e em uma escorregada na Curva 2 Thomas perdeu a sétima colocação, retornando ao oitavo posto. Mas estava decidido a mudar a história vivida no dia anterior e, com a faca entre os dentes, partiu para o ataque. Os dois primeiros já haviam abrido boa vantagem e Thomas não queria perder tempo. Era ultrapassar, ou ultrapassar…

 

Thomas entrou na reta principal de pé embaixo e adotando a linha externa. Ladeou os concorrentes e terminou a reta principal do Kartódromo Granja Viana na quarta colocação! Nada menos do que quatro ultrapassagens de uma só vez e… por fora, no puro arrojo e habilidade.

 

Quarto e mantendo o pé na tabua, buscando reduzir a diferença e colar no terceiro colocado, chamando para si toda a atenção do publico e Odin que olhava de Asgard o desempenho espetacular do pequeno germano-brasileiro.

 

Duas voltas. Duas velocíssimas voltas e Thommy descontou a desvantagem e superou Pedro Braga, o terceiro colocado – e líder da Cadete Rookie – no final da Reta dos Boxes.

 

Todavia, o experiente concorrente não se deu por vencido e mudou sua pilotagem, andando na referência no novato e melhorando seu desempenho. Na pratica era o "aluno" com dez meses de kart "ensinando" como ser rápido um piloto com mais de quatro anos de competições. Decerto a maior experiência foi fundamental e na última volta da emocionante prova Braga conseguiu retomar a P3 de Kühne, que não desistiu e tentou o bote na curva final, novamente pela linha externa, para cruzar a linha de chegada praticamente emparelhado com Braga. Apenas sessenta e dois milésimos de segundo separaram os dois valentes competidores. Braga em terceiro e Thommy na quarta colocação da classificação "geral" e segundo em sua classe, a Cadete Rookie.

 

Siegfried venceu novamente o dragão Fafnir. Thommy foi o concorrente que mais escalou posições na corrida e deixou claro que, embora em seu primeiro ano no esporte, já é um dos expoentes de sua geração.

 

Thommy Kühne (TR3 Motorsport/ Audi/ Kienbaum) é o vice-líder do segundo turno do certame na tabela de pontos da categoria Cadete Rookie, com 333 pontos auferidos, quinze a menos que o líder, o experiente carioca Pedro Braga. Se computados os descartes obrigatórios a diferença cai para apenas dez pontos. Com 93 pontos possíveis em disputa à cada etapa, a rodada final da Copa São Paulo de Kart Granja Viana promete ser eletrizante.

 

Confira o resultado completo da Cadete na nona etapa da Copa São Paulo de Kart Granja Viana:

Prova 1 - 15:40

1.- #177 (C) João Vitor, com 10 voltas em 10:01.978

2.- #7 (C) Gabriel Crepaldi, a 0.487 (+0.487)

3.- #111 (C) Leonardo Rufino, a 4.114 (+ 3.627)


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